« O Homem real, o Espírito, não pode ser ferido por armas, nem queimado pelo fogo; a água não o molha, o vento não o seca nem move » — Bhagavad Gita, II, 23.
Quando olho para uma nuvem que passa ou para o rio que sob meus pés flutua, não há qualquer obstáculo nos meus pensamentos. Assim como a nuvem que se dissipa ou a água que se perde entre as margens que a aprisiona, com eles sou um, a causa e a circunstância, o dínamo e a embriaguês. Então, por um instante, não há motivo para viver num mundo de inesgotáveis existências. E nesse fluir, à semelhança das percepções, das carnes e daquilo que permite a vida e também a colhe, tudo cessa. Nada se afirma por palavras, mas pela própria coisa sentida. Nada se adia ou recorda; e brevemente vive-se acima do tempo e da morte.