1 de fevereiro de 2011

Des petits riens



Baudelaire, poeta no qual os desejos parecem se impor como presenças que nada querem ou chamam, faz impulsionar as interrogações do acaso sempre além, ainda que infiltrado em coincidências e desnortes. Vencida toda lógica, somente seu arbítrio afirma e violenta a experiência do mistério. O acaso objetivo, o efeito de toda realidade, se despedaça naturalmente ante seus pés. A vitalidade das suas palavras, embora suspensas na mais fria medida, supera o eclipse da beleza em meio ao barro que lhe oculta o brilho. Apenas o mal compreende a totalidade da sua consciência. O bem nada significa quando tudo perde seu valor, sua vista e pronúncia. O mal desaparece no seu oposto: «Sombra de sua própria sombra? Sim. Em sonhos via» (Hilda Hilst, in «Cantares»)

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