20 de janeiro de 2011

«Tristes Trópicos», de Claude Lévi-Strauss



Abro aleatoriamente meu novo volume dos «Tristes Trópicos» e leio alguns parágrafos a esmo. E com a mesma impressão de um viajante, explorador ou qualquer coisa que o valha, percebo que, à semelhança dos rios, das carnes e daquilo que permite a vida e também a colhe, o já lido e sentido em minha imaginação adquiriu sentido próprio, independente de mim. Tudo parece iluminado por um sol invisível. Não aquela luz que sufoca e maltrata, mas uma presença de frescor e habitação. É um sentimento de presença. Talvez seja a identidade a fazer-me aproximar daquele testemunho. São sempre ternas essas mistificações, esses caprichos de leitor. Todo grande livro foi escrito por nós, e em nosso íntimo toda vivência nele descrita é igualmente por nós vivida. Aí o domínio da palavra e do papel é insignificante, mera convenção. O livro em mãos é sempre um eu.

— «Tristes Trópicos», Claude Lévi-Strauss, Companhia das Letras, 2009, 400 p..

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial