9 de janeiro de 2011

Canções que apetecem-me a noite, § I



Fascinam-me sobretudo as «canções absolutas», as harmonias nas quais o indizível exprime-se diretamente como sentimento: a emoção, a linguagem do inefável. O ordinário, aquilo que se expressa conceitualmente, não serve como intermédio à construção de uma teoria do conhecimento apropriada. Hegel estava equivocado e Nietzsche deu um passo adiante na afirmação do caráter da música como linguagem autônoma. E a independência dessa «linguagem universal», dessa intransigente afirmação daquilo que é lírico, é mais que simples reprodução de um belo universal. É a afirmação da transitoriedade da vida, das emoções, do que está oculto nos princípios mais elementares da nossa existência. Toda segurança do universo é dissipada nesses breves instantes e modulações. Os fenômenos desaparecem todos. As coisas explodem como realmente são.

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