«Verklärte Nacht» Op. 4, de Arnold Schoenberg
Ao lado das sinfonias de Mahler e dos oratórios de Bach, «Verklärte Nacht» Op. 4 — ou Noite Transfigurada — de Arnold Schoenberg representa um dos momentos de maior singularidade da música tonal. Baseada no poema homônimo de Richard Dehmel, a obra, composta em 1899 e apresentada em 1902, traz em si matizes do romantismo tardio, fazendo uso intenso do cromatismo (influência de Richard Wagner) e de densa e austera tensão contrapontística (influência de Brahms). Poder-se-ia dizer ser obra programática. Originariamente a versão de estréia foi um sexteto.
Seguindo, porém, a prática da época, em 1943 Schoenberg faz uma versão para orquestra de cordas, onde foi mantido inalterado o único e intermitente movimento, dividido esse em cinco seções que correspondem às cinco estrofes do poema original. Apesar do movimento ser dividido em seções, sua continuidade é marcada por uma perene e noturna sensualidade. Um dos momentos mais belos da peça é certamente o da transfiguração (quarta seção). O turning point é violento, de ruptura. Sua densidade significa a resolução de todos os motivos até então apresentados. Tal qual a força poética da inspiração de Dehmel, Schoenberg consegue fazer com que toda composição seja abrangida pela pulsão necessária à expressão dos desejos primitivos do poeta. Há transfiguração e magia: «há um brilho ao redor de tudo».
— Para uma análise detalhada do poema sinfônico de Schoenberg, leia essa série de posts.
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