5 de dezembro de 2010

«Sequenza VI», de Luciano Berio



A música é compreendida segundo um padrão de linearidade temporal. O que ouve-se agora é sempre comparado ao ouvido anteriormente. E dessa comparação é extraída a posição daquilo que será ouvido num futuro breve. Esse ciclo de memórias auditivas, todavia, em Luciano Berio, desaparece. Não porque sua música seja destituída de direcionalidade, mas porque a articulação que ele imprime aos elementos musicais permite, à exaustão, a gesticulação de ideias complexas num espaço melódico reduzidíssimo.

No caso das dezoito «Sequenze» — que são um conjunto de peças para instrumentos solo que busca a exploração dos limites musicais típicos do instrumento em execução —, o padrão monofônico é ampliado pela inserção de microestruturas simultâneas, notando-se claramente o desaparecimento daquela linearidade temporal. Em razão desse processo, o ouvinte fica destituído da centralidade que está acostumado, faltando-lhe à memória auditiva a compreensão das simultaneidades melódicas que estão comprimidas e potencializadas em apenas uma linha. Por exemplo, a «Sequenze VI», para viola: é obra para ser apreciada como se aprecia um campo de arqueologia, lentamente, camada por camada.

4 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Grande amigo, o que é feito de ti? Essa vida? grande abraço.

5 de dezembro de 2010 às 21:35  
Blogger Guilherme Diniz disse...

Amigo, em que sentido está a se referir?

6 de dezembro de 2010 às 22:51  
Anonymous Anônimo disse...

Nunca mais soube nada, tem estado desaparecido do messenger...está tudo bem?

7 de dezembro de 2010 às 08:48  
Blogger Guilherme Diniz disse...

Amigo, estou na mesma. Finais de semana estou sempre on-line.

7 de dezembro de 2010 às 22:18  

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