«Diamorphoses», de Iannis Xenakis
As composições de Iannis Xenakis compreendem uma massa e densidade sonoras singulares. A matéria musical é sempre plástica, definindo-se, em alguns momentos, pelo uso criativo das teorias matemáticas, tal como ocorre em «Metástasis», de 1954, e «Pithoprakta», de 1956. Reconstruindo dionisiacamente as categorias de tempo e espaço, Xenakis imprime novas divisas para a compreensão teórica do fenômeno harmônico, seja pela configuração fragmentada da orquestra — como ocorre em «Terretektorth», onde os músicos encontram-se espalhados em meio ao público ouvinte, fazendo com ele seja o centro polarizador das ideias e dos sons — ou pela arquitetura audiovisual alicerçada no som e na luz (v.g., «Polytopes»). Nesse aspecto, a dinâmica musical faz com que todas as matrizes de estruturação sonora sejam imbuídas de intencionalidade, inibindo que o discurso seja afetado pela superficialidade emotiva ou relaxamento estético. A violência poética de Xenakis, como ressaltou Nouritza Matossian, sua biógrafa, fez com que ele se tornasse o último compositor heróico do nosso tempo.
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