16 de novembro de 2010

Superação do sistema tonal: Correntes

O caminho para a saturação (e consequente superação) do sistema tonal deu-se em duas direções.

A primeira vertente, encabeçada por Schubert, Brahms e Mahler, procedeu pelo desenvolvimento harmônico baseado nas chamadas tônicas mediânticas, i. e. tonalidades que se encontram em relações de terças — sejam elas maiores ou menores — para com a tonalidade principal, onde novas modulações são introduzidas a partir de notas em «relações mediânticas» com a tríade tônica, levando o compositor a alcançar tonalidades totalmente distantes da tônica dominante.

Isso faz minar totalmente o poder de polarização da nota tônica, erodindo por completo a própria ideia de uma tonalidade principal. Assim, quanto mais distante da tônica (eixo), menos a tônica mediântica guarda com ela um som comum, gerando estranheza ao discurso tonal, posto serem funções satélites alheias ao tonalismo. No caso de Schubert, seu pioneirismo no campo da harmonia é máximo porque sua obra — da maturidade, ressalte-se — representa a síntese evolucionária do discurso tonal através das modulações tonais das zonas distantes de uma determinada tônica.

A segunda vertente é encabeçada por Liszt e Richard Wagner, que, se não complementar ao método anterior, dele é distinto em seus princípios. Grosso modo, trata-se da modulação através do cromatismo, no qual o ciclo das quintas é percorrido pela introdução de dominantes secundárias. Em Liszt, um bom exemplo é a sua «Sinfonia Fausto». Em Wagner, «Tristão e Isolda».

— Como ambas as obras de Wagner e Liszt citadas são mais conhecidas, publico nos vídeos abaixo duas obras representativas da superação do sistema tonal com fundamento nas tônicas mediânticas: «Zwölf Deutsche Tänze, D 790», de Franz Schubert e «Sinfonia nº 10, Adagio», de Gustav Mahler.



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