17 de novembro de 2010

«Sinfonia nº 7» em mi maior, de Anton Bruckner




Ao lado de Brahms, Anton Bruckner foi último grande sinfonista de linha germânica. Depois dele, a sinfonia manifestar-se-ia noutras dimensões, seja caminhando para a linguagem dos poemas sinfônicos — como em Richard Strausss — ou na busca de expressão de novas modulações harmônicas (Gustav Mahler). É típico classificar Bruckner como romântico. Todavia, seu romantismo é sui generis. Diferentemente de Schubert, Liszt ou Wagner, Bruckner não cultivou outras formas musicais tipicamente românticas, v,g., o Lied, o poema sinfônico, peças para piano ou a ópera.

O verdadeiro Bruckner deve ser procurado e encontrado nas suas nove sinfonias, sinfonias essas que, a despeito da opinião desfavorável de Wagner, perseguia a tradição de schubertiana e beethoveniana. Pouca similitude pode ser encontrada nas suas composições sinfônicas, exceção feita à divisão em quatro movimentos e a forte personalidade da estruturação melódica: todas as obras são individualizáveis, de evocações únicas. A arquitetura e sonoridade são familiares, mas sempre surpreendentes: ora os movimentos são calmos, explosivos, sublimes ou rudes.

No caso da «Sinfonia nº 7», harmonicamente a mais superior das nove sinfonias, podemos facilmente identificar a nobreza e intensidade da sua sutil construção. Noutras palavras, é obra de maturidade (interessante notar Bruckner tinha mais de cinquenta anos quando terminou de compô-la, fazendo paralelo a Handel quando finalizou «Messias», ou Haydn os «Quatertos Op. 64» e as primeiras sinfonias de «Salomão», Wagner com o «Crepúsculo dos Deuses» ou «Aida», de Verdi).

Logo de inicio percebe-se que colorido da «Sinfonia nº 7» lembra Wagner, principalmente «Parsifal». Porém, o caráter dessa sinfonia é totalmente diverso daquele. Ao contrário do que possa parecer nos primeiros minutos do Adágio, que é lento e solene, a «Sinfonia nº 7» não é sombria ou lamentosa. Rapidamente inicia-se uma breve e magistral sucessão de melodias ardentemente sugeridas pelos violoncelos e violinos, sucedidas pelo tema das madeiras.

Os metais surgem, então, à maneira de fortíssimo, com notas que brevemente são cortadas para ceder espaço a outro tema, novamente evocado pelas cordas. O ritmo agora é percutido com insistência. O clímax é brilhante, agudo pela força dos violinos. A partir daí começa o preparação do scherzo, caracterizado pelas dimensões amplas, revigorantes. Já o finale é marcadamente schubertiano. A marca característica desse momento é a pontuação melódica do tema, com violinos a modular da tonalidade básica de mi maior para o lá bemol.

P.S.: O vídeo acima refere-se apenas a abertura da «Sinfonia nº 7», sob regência de Bruno Walter.

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