19 de novembro de 2010

«Kontra-Punkte», de Karlheinz Stockhausen

Em 1953 Karlheinz Stockhausen terminou seu famoso «Kontra-Punkte». É obra de revaloração e expansão temáticas. Em 1952 ele havia composto «Punkte», obra imersa na chamada primeira fase do serialismo integral, que nada mais é que a música dodecafônica levada às suas últimas conseqüências. A principal característica desse estilo é o pontilhismo, onde são ouvidos apenas pontos determinados por organização harmônica do tipo serial.

Em relação ao «Punkte», o «Kontra-Punkte» é uma superação da sua organização interna, pois é abandonado o pontilhismo em vista da plasticidade dos grupos sonoros. A escuta já não é mais fracionada ou afigural como ocorria no «Punkte». No «Kontra-Punkte» é possível identificarmos a figuralidade sonora pela metamorfose dos sons e pela sua direcionalidade, compreensível essa na intensidade (que vai se neutralizando até pianíssimo) e no tempo predominante.

A beleza imagética do «Kontra-Punkte» está, ainda, na forma como a sonoridade vai sendo abandonada até restar o solo do piano. Nota-se a gradual redução dos elementos de informação em favor da claridade discursiva. Interessante notar que, nessa perspectiva, o «Kontra-Punkte» já caminha para a fase intuitiva de Stockhausen nos anos de 1960, quando então a sonoridade é claramente reconhecida pela direcionalidade redutiva do foco musical.

É quando, pela ironia de Flo Menezes, a música serial se abre para o belo.



0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial