18 de novembro de 2010

«Concerto para violoncelo e orquestra, op. 22», Samuel Barber

No início do séc. XX a estética literária norte-americana já estava consolidada com Walt Whitman, Poe, Melville e Henry James. Musicalmente, porém, a situação era outra: diferentemente da literatura, a música deve ser vivida antes de ser produzida, e os compositores norte-americanos baseavam-se apenas no patrimônio musical e intuitivo da sensibilidade européia. Por exemplo, Aaron Copland, Eliot Carter, Roy Harris, Virghil Thonson, Roger Session e Walter Piston: todos foram alunos de Nadia Boulanger. Seus credores estéticos são a música francesa e o classicismo.

Nesse cenário Samuel Barber é um caso singular. Suas composições, com exceção da «Sonata para piano», dedicada a Horowitz — que é uma excursão ao dodecafonismo —, são egressas de um romantismo tardio. Nunca alcançaram a irreverência de John Cage ou Milton Babit. Nem seu autor queria, todavia. A música de Barber é «fundacionista», tradicional, conservadora. Não vemos nela o experimentalismo de Charles Ives, seu contemporâneo. Mesmo assim, sua obra é viva, bela, sentimental.

Seu «Concerto para violoncelo e orquestra, op. 22», encomendado pelo maestro russo Serge Koussevitzky para ser executado pela solista Raya Garbousova, é impressionantemente difícil. É obra para virtuoses, com belos efeitos idiomáticos, embora com estruturação convencional em três movimentos. É obra essencialmente romântica, notável pelo equilíbrio formal e força dramática. A suavidade é plena, às vezes recitativa. Sendo de raiz romântica, não poderia deixar de trazer impulsos dramáticos, não raro sombrios.

— Publico aqui o primeiro movimento do «Concerto para violoncelo e orquestra, op. 22»:

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