24 de outubro de 2010

Polemos

Pensar em desalinho, como se tristes fossem todos os esforços e abdicações, repuxa o manto das diferenças porque ampla a natureza e diminuto o homem. Ali onde casa a perfeição – num encaixe acabado de arranjos espontâneos – vemos leis porque às leis estamos sujeitos. Mas nada há ali que aparente qualquer mando de ordenação que não aquele decorrente da sua própria constituição. No Verbo não havia concordância; apenas uma luta indisponível poderia aparar os contornos dissonantes.

Lá o tempo é senhor, mas para o homem isso nada importa; pensa ele apenas nas diferenças e naquilo que distancia-o da união; isso separa-o da verdadeira natureza – e a justificar tamanha pequeneza de espírito criou ele o justo. Mas aquele confronto é fenômeno inelutável e primordial.

Se ele é inato à feição daquelas relações, o nosso justo se prende ao artificial e passageiro. Para a humanidade civilizada a desconsideração daquele embate é um luxo necessário; e nisso, erroneamente, crer residir sua importância e diferenciação com a natureza que o cerca. Tolice, impossível se afastar: o mundo, afinal, é luta entre opostos.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial