No Templo de Apolo
A natureza causa-me o crescimento daquilo que poderia chamar de «superação do intelecto». Todavia, ao referir-me a natureza não penso naquele tropos idealizado pelos teóricos românticos. Há, sim, algo de transcendente nos bosques, nos rios, no mar e nos vales. Interessa-me, porém, a percepção de que no universo da suposta irracionalidade não se habitam nenhuma das nossas concepções morais acerca da justiça, do belo e da ordem. Vê-se aí apenas uma irrefreável espontaneidade de tudo quanto aquilo que, diariamente, negamos pertencer às nossas mais profundas intuições. O desejo de superação — aquela atmosfera de permissão e polaridade aos nossos mais intensos impulsos — é o que exalta a teia de acontecimentos que a partir da nossa soberania se constrói. Voltar à natureza é apenas a outra face do conhece-te a ti mesmo.
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