25 de outubro de 2010

«Balada para violino e orquestra», de C. Porumbescu

Otto Maria Carpeaux, no seu Livro de Ouro da História da Música, afirma-nos inexistir um movimento romântico. Para o crítico austríaco existem romantismos. Diferentemente do romantismo literário, onde é possível traçarmos seus limites temporais (v.g., Novalis, Tieck, E.T.A. Hoffmann, Lamartine, Musset, Walter Scott, Shelley, Lermontov e Pushkin), o romantismo musical mantém invisíveis algumas de suas fronteiras, ora indo além do que supomos, ora se restringindo em algum lugar anterior aos horizontes criados em nossa fantasia. São românticos, inegavelmente, Wagner, Schubert, Weber e Mussorgsky.

Mas além de qualquer classificação reducionista, o romantismo propiciou que, em cada cultura onde houvesse sua absorção, os matizes culturais e sociológicos nativos preponderassem sobre qualquer programa estético. Assim, há um romantismo brasileiro (Castro Alves, Gonçalves Dias, na literatura; Villa Lobos, se pensarmos no aspecto nacionalista, e Alberto Nepomuceno, o “criador” do nosso nacionalismo musicista — por exemplo, ele deixou inacabada a ópera A Garatuja, baseada na obra de José de Alencar), um romantismo inglês, ibérico e russo, e outra dezena de romantismos.

No vídeo acima, cuja qualidade sonora é questionável, confesso, podemos ouvir a Balada para violino e orquestra, de Ciprian Porumbescu. Semelhante a outros músicos de influência romântica, tais como o tcheco Bedrich Smetana (confirir «Ma Vlast»), Antonin Dvorak («Danças eslavas») e Rimsky-Korsakov («Scheherazade»), Porumbescu incorpora diversos elementos próprios da sua cultura, conferindo elementos exóticos tão caros à expressão desse fenômeno. Nesse caso, o exotismo é alimentado pelo uso preponderante do violino, instrumento valioso para o ethos da etnia cigana.

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